Sinopse
Nada do trem chegar. A multidão começava a ficar impaciente. Ouvia-se um murmurinho de inquietação. De repente, a escuridão. Escuridão e silêncio total. Daí a pouco as luzes de emergência foram se acendendo pouco a pouco através dos geradores da estação. Os alto falantes pediam calma e avisavam que a cidade toda sofria um blecaute. Toda cidade de São Paulo estava sem energia. Novamente um aviso, as catracas de saída seriam abertas e quem quisesse se aventurar a sair estava liberado. O aviso continuou afirmando que a cidade estava totalmente às escuras e o melhor seria esperar a normalidade com segurança. O movimento de pessoas querendo sair foi muito pouco. Alguns se valiam das luzes dos geradores e outros com seus isqueiros. Sentiu o respirar das pessoas próximas. Ninguém ousou se mexer. Como se fosse uma grande fogueira de acampamento. Uma lanterna seria ótima para aquele momento. Mas quem iria carregar uma lanterna na bolsa ou na mochila? Uma luz de gerador próxima ao grupo passeava por seus contornos. Eduardo fez do pilar seu ponto de referência. O silêncio deu lugar a um vozerio baixinho. As pessoas próximas a Eduardo foram se ajeitando também ao lado do pilar. Entre a cabine de venda de passagens e o pilar. Três homens, duas estudantes e uma senhora. Eduardo e as seis pessoas pelo canto se acomodaram. Todas em silêncio. Quieto em seu espaço, Eduardo começou a pensar em sua vida. Tudo fluía em fragmentos. Parecia que estava ali há uma eternidade.