Coração Das Trevas

  • Autor: Instituto Mojo
  • Editora: Literatura Livre – Sesc São Paulo

Sinopse

Coração das trevas é talvez a análise mais profunda já feita sobre a comunicação intercultural e seus possíveis resultados; a relação dominador versus dominado se inverte e se subjetiva nesta obra que relata a viagem do jovem Charles Marlow ao coração do continente africano.
A longa jornada rumo às estações de exploração de marfim da Companhia é regada de relatos sobre Kurtz, o homem mais respeitado dentre os europeus em território virgem. Além de sábio e justo, Kurtz é quem gerencia a maior parcela da produtividade da empresa. Meses se passam até que Marlow finalmente se livre dos ecos e mitos sobre Kurtz e o conheça pessoalmente. O que se vê não é mais um homem civilizado cuja visão é levar o progresso e a ciência aos nativos e criar na África um novo pólo de desenvolvimento, mas alguém que foi completamente transformado pelo inferno verde. A selva consumiu sua civilidade.
Além da opressão dos colonizadores, que subjugam os nativos como animais, jogando com suas vidas, Marlow percebe também que os costumes locais não são tão bárbaros como supunha. A prática do canibalismo, por exemplo, se mostra menos agressiva do que o incentivo dos europeus para que as mãos dos escravos negros sejam amputadas quando não cumprem as metas de produção.
A percepção de Marlow sobre Kurtz implode em determinado momento em um misto de revelação e lógica: a mentalidade católica de que o homem deve domar a natureza é esfacelada pela grandeza da selva e os efeitos físicos e psicológicos que causa aos intrusos despreparados. Como logo no início, quando Marlow ridiculariza um navio francês bombardeando a muralha verde. Os brancos, com seus equipamentos tecnológicos e deturpada civilidade nada podem diante da realidade em que se encontram. Marlow vê mais humanidade nos nativos do que no enaltecido Kurtz.
Assim como atualmente as guerras internacionais passaram a ser travadas nos ambientes digitais, continuam os abusos de civilizações e culturas sobre as outras menos atentas, embora de maneira menos visível. A tomada de territórios e a exploração brutal de seus habitantes permanece intacta no século 21.
Título original: Heart of Darkness (1899)