Papo com Juremir Machado

Ás vezes é preciso reconhecer os próprios erros e recuar. Os professores no Estado estão sendo massacrados com estas propostas. É um projeto que desvaloriza o professor, que ao final de sua contribuição terá uma modesta aposentadoria e pouco ou nenhum prestígio. Professores não podem ganhar menos do que outros profissionais, eles precisam de valorização. São muitos professores, o Estado tem dificuldades, mas é preciso criar alternativas.

O livro "Reviravolta" do professor de geografia da universidade da Califórnia, Jared Diamond, compara os Estados Unidos da América a outras grandes democracias. O autor explica que o país esta perdendo a vantagem competitiva que tinha em relação a outros países, por investir menos em suas instituições de ensino superior e mais em seus sistemas prisionais. Doze estados norte-americanos investem mais em prisão do que em educação.

Mudanças ocorrem em diferentes governos, mas sempre sujeitas a serem aceitas ou não. As alterações propostas pelo governo de Eduardo Leite têm sofrido fortes críticas e resistência. Todo aquele que quer fazer mudanças deve se expor ao contraditório, debater diretamente com os principais interessados, sabendo lidar tanto com a oposição quanto com a opinião pública. A reforma do governo sacrifica professores, policiais civis e outros. O governo tem a sua leitura, mas todos nós somos livres para termos a nossa. 

O governador do estado Eduardo Leite, recebeu ontem (28) jornalistas no Piratini, onde apresentou dados e números acachapantes. Ficou claro o que todos já sabiam, as receitas não acompanham as despesas. Uma reforma é necessária para continuar investindo no futuro, este é resumidamente o discurso oficial. Mas o que sempre chama a atenção é um dado já conhecido. Um professor de 20h entra no sistema com um salário de R$ 600,00 e com um completivo para que não fique abaixo do piso. O profissional se prepara para educar e preparar crianças e jovens para o futuro, e sua remuneração... é triste.

O governador do Rio Grande do Sul apresentou, nesta quinta-feira, dados técnicos à jornalistas no Palácio Piratini. Leite argumentou pontos do pacote de reformas que propõe à Assembleia. Pacote este que desagrada também os deputados da base, que pedem mais tempo para analisar e discutir escolhas. Entre jornalistas, o governador também criticou os servidores do Cpers, dizendo que sindicalistas distorcem informações sobre governo. Leite garantiu que categoria não será afetada por medidas.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) julga o caso do sítio de Atibaia. Ainda que Lula tenha cumprido pena o suficiente em relação ao caso do tripléx do Guarujá, para continuar em liberdade, ou pelo menos em regime semi-aberto; a situação é preocupante para o ex-presidente. Neste novo caso, há a possibilidade de condenação e, consequentemente, do retorno ao regime fechado. A Lava Jato pede o aumento da pena enquanto a defesa pede a absolvição. O caso ainda pode retornar a primeira instância. "Tudo se decide hoje no TRF-4, que precisa manter uma postura independente, isenta, neutra, consistente, clara e sem nenhum comprometimento político", destaca Juremir Machado da Silva.

O paraíso chileno desandou. "Não se assustem se alguém pedir o AI-5", disse o ministro da economia Paulo Guedes, recentemente em viagem aos Estados Unidos da América. Uma manifestação que mostra um claro desapreço pelo democracia, durante uma declaração na embaixada brasileira em Washington em que parecia defender o estado democrático. Disse também que Lula ao sair da prisão convocou o povo a ir às ruas para protestar cotra as reformas, e que isso gera reações como a do filho do presidente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que também fez declarações sobre o AI-5. Mas o ministro não parece compreender como a democracia funciona, nem mesmo gostar dela, chamar as pessoas as ruas faz parte do processo democrático e não deve resultar em qualquer tipo de dispositvo ditatorial.

O final de semana contou com fortes emoções, no futebol e na política. O Flamengo se consagrou campeão da Libertadores no sábado (23) e, no domingo (24), foi campeão brasileiro sem sequer entrar em campo. A eleição no Uruguai foi marcada por uma disputa apertada entre os candidatos Luis Lacalle Pou (Partido Nacional) e Daniel Martínez (Frente Amplio) e, embora a apuração siga sem resultados definitivos até quinta-feira, a vantagem por uma pequena margem é de Lacalle Pou. Segundo informações, a contagem definitiva dependerá dos chamados votos observados, votos de pessoas idosas com incapacidade física de locomoção e outras restrições, e esses votos precisam de checagem especial. Em um pleito disputadíssimo, as eleições no Uruguai não são marcadas por extremismo, mas por uma disputa ao centro.

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso projeto de lei que amplia o conceito de excludende de ilicitude, previsto no Código Penal, para agentes de Segurança Pública em operações. Para o colunista Juremir Machado da Silva, na prática, trata-se uma proposta que autoriza as polícias a atirar primeiro e perguntar o nome depois, como em certos filmes de faroreste. "Lembrando que no faroeste a legítima defesa precisava ser sinalizada, já na proposta de Bolsonaro, basta ser considerado suspeito e poderá levar chumbo", ressalta o jornalista no podcast.

Há muito tempo a imaginação abandonou os governantes. Não surgem novos projetos que criem desenvolvimento, reformas trabalhistas retiram direitos e reduzem salários a média prazo. Diminuindo ganho de funcionários e consequentemente o número de serviços prestados, as soluções limitam-se a privatizações, terceirizações e na exclusão do estado de responsabilidades. O funcionalismo público tornou-se inimigo, os principais prestadores de serviço como professores e policiais civis ganham pouco e vão ganhar menos ainda com as reformas que vem sendo aprovadas.

Não somos um país de um racismo diferente, mas sim um país com um racismo explícito. Nesta semana, dois parlamentares fizeram manifestações abertamente racistas na Câmara dos Deputados em Brasília. O Coronel Tadeu rasgou uma charge que considerou ofensiva a corporação policial, enquanto Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou que há mais negros no crime. Há muito o que fazer no Brasil em termos de combate ao racismo, presente nas escolas, nos estádios, na Câmara dos Deputados. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) só escancaram o evidente. A desigualdade no Brasil tem cor.

Bolsonaro resolveu criar um novo partido, como se já não tivéssemos fartura de partidos atualmente no país. O PSL tinha dono e Bolsonaro não quer dividir com ninguém, por isso resolveu fazer o que todos fazem, abrir a sua própria sigla. Assim é o Brasil, desde que Cabral chegou por aqui tomando o território dos índios, o Brasil tem sido um país de parentes.

O Governo do Estado com suas razões diz que não tem mais dinheiro. Explica que ou se fazem as reformas ou não se poderá cumprir com os seus compromissos. Ao longo do tempo governos administraram mal e o país acabou tomando decisões controversas. Chegou a hora de fazer o ajuste de contas e ele não será feito com a União, que está quebrada, mas com quem vai pagar o pato: O funcionarismo.

Era uma vez um país onde o Governo Federal resolveu facilitar as exportações isentando os exportadores do pagamento de ICMS. Ao longo do tempo, os estados foram ficando endividados, passando a dever cada vez mais ao Governo Federal, que por sua vez cobrava juros extorsivos. Em algum momento os juros foram negociados, mas a dívida acumulada já era gigantesca. A somar com a má administração, os estados acabaram quebrados.

Após meses de parcelamentos emendados um mês após o outro, o Rio Grande do Sul vai começar a ouvir o famoso "rugido das ruas". Sobre os intermináveis atrasos de salários, as explicações virão e já são conhecidas: o Estado não tem meios, precisa-se fazer uma renegociação com a união e mesmo assim não daria. Seria preciso cortar fundo na própria carne.

O congresso nacional vai tentar atropelar a constituição. O artigo 5º das garantias de direitos fundamentais não é passível de modificação por emenda constitucional. Não se pode alterar a constituição mudando o código de processo penal, até porque a constituição é a lei maior. Como se poderia resolver o problema mudando uma lei menor? O caminho para resolver isso é bem simples, o STF julga com mais solenidade os recursos extraordinários e faz as sentenças transitarem em julgado.

Em países de direita e esquerda entranhas são reviradas por todas as partes. Evo Morales renunciou na Bolívia. Renúncia ou golpe? Golpe ou reação a uma frade eleitoral? A América do Sul ainda não conseguiu resolver os seus problemas básicos, dentre o maior deles, a desigualdade.

Prevaleceu a Constituição Federal. O ministro Celso de Mello alfabetizou quem não queria ler direito. Ninguém será considerado culpado até o trânsito injulgado de sentença penal condenatória. E assim se decide o destino de um homem e o destino de uma Nação.

A cultura incomoda e porque incomoda ela vai sendo jogada de um lado para outro. A direita nunca soube o que fazer da cultura como organismo promotor de políticas públicas. Agora, o governo decidiu que ela ficaria melhor encaixada no Ministério do Turismo, sob comando de Marcelo Álvaro Antônio. 

O IBGE revelou que de 2015 até então, um milhão de pessoas por ano desceu a linha da miséria. Um Brasil movido a crescimentos econômicos restritos, enquanto a elite dirigente não encontra soluções para que uma parcela considerável da população possa viver com dignidade.